Sou pura emoção, sei que me falta racionalidade, porém, acredito estar fazendo a coisa certa!
Afinal, até na mais autêntica razão, podemos dosar um "tantinho" de amor...Não é mesmo?!
-Rosangela Garo-






terça-feira, 1 de novembro de 2011

MÁRIO QUINTANA PARA CRIANÇAS

O poeta Mário Quintana é prestigiado como um dos grandes mestres da literatura brasileira (particularmente, tenho por ele um certo favoritismo).
Nasceu em 30 de julho de 1906, escreveu um pouco de tudo e de si mesmo. Seu humor sempre existente, ácido as vezes, ou com tanta doçura que enternece. Fez tudo com maestria.
Sempre se sentiu à vontade com as palavras, pelo menos, demonstrava calmaria ao escrever.
E eis que surge o "BATALHÃO DAS LETRAS" um livro destinado às crianças de forma lúdica, pois cada letra, ali apresentada, faz a imaginação correr solta.
Na minha concepção, ele fez o que todo educador deveria fazer...através da poesia, de forma divertida, ensinar-alfabetizar os pequenos. E vou confessar essa leitura não é apenas para crianças, li e viajei! Pois, Quintana conseguiu alfabetizar e encantar, de uma só vez.
Uma pequena demonstração de quanto é prazeroso o livro...









E por aí vai....eu recomendo!


Continuando, Quintana não escreveu somente para adultos e crianças,o público infanto-juvenil teve o seu "belo" filão.
Em 1.946 publica Canções, em 1.968 ele escreve "Pé de Pilão" e posteriormente, em 1.984 nos deu a honra de "O Sapato Amarelo" e "Nariz de vidro".

Alguns poesias para nosso deleite....






Canção da garoa


Em cima do telhado
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.

O relógio vai bater:
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber porquê
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

Publicado no livro: Canções de 1.946







DORME RUAZINHA… É TUDO ESCURO!…

Dorme ruazinha… É tudo escuro…
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos…
Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro…
Nem guardas para acaso perseguí-los…
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos…
O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão…
Dorme, ruazinha… Não há nada…
Só os meus passos… Mas tão leves são,
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…

Do livro: Antologia poética para a infância e a juventude, Ed. Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, INL:1961.






Canção de nuvem e vento

Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!

Publicado no libro: Canções - 1.946






"A gente não sabia"

A gente ainda não sabia que a Terra era redonda.
E pensava-se que nalgum lugar, muito longe,
Deveria haver num velho poste uma tabuleta qualquer
— uma tabuleta meio torta. E onde se lia, em letras rústicas: FIM DO MUNDO.

Ah! Depois nos ensinaram que o mundo não tem fim
E não havia remédio senão irmos andando às tontas
Como formigas na casca de uma laranja.
Como era possível, como era possível, meu Deus,
Viver naquela confusão?
Foi por isso que estabelecemos uma porção de fins de mundo…

Publicado no libro: Nariz de vidro - 1984



Poderia ficar aqui, por muito tempo, postando essas maravilhas deste gaúcho, de sensibilidade não apenas marcante, mas aguçada, doce e sutil. Mas agora é com vocês...Leiam Quintana irão se surpreender, apresentem aos seus filhos, alunos, se for o caso, pois com esta leitura, estaremos mergulhados num universo encantador!

Abraços e...
Até mais!

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